5 de novembro de 2012

Dia do Radioamador

5 de Novembro ...

Natural da cidade de Porto Alegre, RS, nascido no ano de 1861, Padre Roberto Landell de Moura é considerado o “Patrono dos radioamadores brasileiros“. Polêmico e incompreendido em suas teorias e invenções, muito avançadas para o tempo, no setor de comunicações. Foi motivo de ser taxado de:  Padre feiticeiro, tendo como parte o diabo, e seu laboratório  invadido e destruído todos os aparelhos de pesquisa. 

Algumas teorias dele tornaram-se realidades, tais como: “Dai-me um movimento vibratório tão extenso quanto a distância que nos separa desses outros mundos que rolam sobre nossa cabeça, ou sob nossos pés, e eu farei chegar minha voz até lá .“ Hoje aí estão, as viagens interplanetárias para comprovação. 

Outras eram tão complexas que ainda no momento atual não temos resposta: “Tudo se resume em comprimentos de onda, portanto freqüências, que abalam  a matéria e por isso afirmo que a propagação, é proporcional ao abalo e à freqüência, portanto o cérebro humano pode gerar essas oscilações e serem transmitidas e captadas“. Referímo-nos evidentemente aos circuitos ressonantes gerados pelo cérebro humano, em parte hoje aceite, mas num estado primário do equilíbrio celular e cromossomáticos comandados por emissões cerebrais de freqüência desconhecida.

A primeira demonstração científica com sucesso, perante autoridades, na transmissão da voz a distância, sem fio por onda eletromagnética,  foi na cidade de São Paulo, em 1893, do alto da avenida Paulista para o Alto da Santana. Espaço este de 8 quilômetros em linha reta. Devemos levar em conta que esta data corresponde a dois anos antes de Guilherme Marconi também fazer a sua primeira demonstração.  Portanto, o pioneiro.

Além de ser um passatempo científico, possibilitando a comunicação com o mundo,  vários serviços valiosos a comunidade são prestados em casos de emergência, em operações de busca e salvamento, e várias  outras circunstâncias. Basta lembrar as duas enchentes de 1983 e 1984 em que as cidades serranas de Santa Catarina, Brasil, foram ponto importante de apoio nas comunicações.

O radioamadorismo é um meio de tomar conhecimento do mundo pelas ondas eletromagnéticas, sem sair de casa, através de um serviço de treinamento próprio, nas investigação técnicas das telecomunicações, levadas a afeito por pessoas devidamente habilitadas e autorizadas, a título pessoal, sem qualquer objetivo comercial. O  radioamador tem contribuído muito para o progresso e o bem estar da humanidade, através de inúmeras descobertas no campo das telecomunicações. Para ele não existe barreiras, é criativo, transmite a sua mensagem  nas mais adversas circunstâncias e  na falta da energia elétrica  faz uso de outros recursos,  não  permitindo a interrupção da comunicação.

Quando se fala em radioamadorismo o primeiro pensamento que vem é de que o uso venha a ser restrito apenas na transmissão da fala. Isto não é verdade. O radioamador está autorizado e faz uso também na   transmissão, além da fala (fonia), os sinais de: telegrafia, telex, televisão, sinais de comando e inúmeros outros que estão em disponibilidade nas comunicações. Sua estação de rádio tanto pode transmitir nas baixas freqüências, como nas altíssimas, tais como a microonda. Para se ter uma idéia, basta lembrar que desde 1942, o radioamador está autorizado a usar um sistema muito conhecido nos dias atuais : “Fac Simile“, mais comumente chamado de “Fax“. Em Lages, Santa Catarina, Brasil, no ano de 1985, foi instalado pelo radioamador, o primeiro sistema de “Auto Patch“ da região serrana, sistema este que permite ao radioamador comunicar-se, fixo, móvel ou portátil  via telefone e hoje num sistema mais atualizado, já em termos comerciais, conhecido por todos como: “Telefone Celular“. 

O primeiro radioamador que se tem notícia aqui na região serrana foi: Atanasio de Paula Barbosa e sua primeira transmissão deu-se em 24/04/1934 para o Rio de Janeiro relatando a sua chegada e condições do tempo encontrada. No decorrer do tempo seguiram-se outras personalidades ilustres, abnegados radioamadores  que além do seu lazer, dedicavam as transmissões radiofônicas  a  serviço da comunidade, e entre eles: João de Deus de Carvalho (Jojô), Galileu Amorim, Adelmar Braescher, João Buatim, Plátano Lenzi, Jorge Salim Chediac, José Pinto Sombra, Erick Paul Krugel, Wilson Vidal Antunes, Victor Alves de Brito, Ciro Antunes dos Santos, Laury Antunes dos Santos, Nicanor de Castro Arruda, Pedro Ernesto Rosar (Pita), Aldo Ramos Martins, Wilson Corbelini, Freitinhas, Euclides Matiolli, Janir Oening, Wolkmar Volniewisk, Herard Wolniewisk, Fernando Ben Hur Magoga, e tantos outros que no momento não vem a memória e que muito contribuiram para a expansão do  radioamadorismo, não só da região serrana mas em todo  o Brasil, merecedores que são desta homenagem no seu dia. 

1 de novembro de 2012

Pinheirinho

Era um verdadeiro paraíso aquele cantinho na volta do rio Carahá. A água era relativamente limpa, e a sua margem rodeada de arbustos e vimes. Na chegada do Pinheirinho, como era chamado o local, onde hoje situa-se o pontilhão do centro da cidade para UNIPLAC (Universidade do Planalto Catarinense), ali existia uma trilha com muitas árvores, alguns cipós bastante fortes, muito parecidos com aqueles do Tarzan e resistentes para a travessia no riacho pela garotada. E o mais importante é que ficava bem escondido, naquela selva infantil, longe dos olhares dos curiosos.

A roupa na chegada, era tirada e cuidadosamente guardada num lugar seco, para que não molhasse e fosse entregue o ouro para os bandidos, quando chegasse em casa. O calção para tomar banho do pessoal era dispensado. O traje da turma era ao natural, não tinha problema porque o local era vedado as meninas. Apesar da área aquática ser muito reduzida, nada impedia que desfrutassem dos belíssimos saltos ornamentais, com os galhos das árvores servindo de trampolim, bem como os recordes de natação nos cinco metros rasos. Tudo era alegria.

Grandes reuniões, com as estórias da semana, as trocas de figurinhas das balas Brasil, as brigas e façanhas extravagantes, as previsões do capítulo seguinte do seriado do Tom Mix, que passava todos os domingos à tarde no Carlos Gomes, e outras coisas mais. 

Havia também os heróis, como o magrinho Edemar, que numa tarde quando o Graciano nadava no estilo pregal, perdeu às forças e afundou no riacho, Edemar não contou tempo, deu um pontaço indo ao fundo trazendo-o puxado pelos cabelos. Belo gesto!

Apesar de todo cuidado que a garotada dispensava a seu recanto, para manter a sua privacidade, poderia sempre acontecer um imprevisto. Os motivos eram diversos: uma chuva de horas de duração, uma cobra querendo entrar nas brincadeiras ou o dono do terreno Sr. Vivino que não estava nada contente com os invasores de sua propriedade fazendo dela um clube de recreação e não perdia a oportunidade para afugentá-los com uma vara de vime na mão.

Não compartilhavam dessas férias coletivas, os pais da gurizada que se apavoravam só em pensar de que um dia eles pudessem estar tomando banho no riacho. Pior ainda, se eles descobrissem que além do mais, havia também a gazeta na escola da Dona Ida Schimidt.

Um dia é da caça e o outro do caçador, e este dia chegou. 

Seu Vivino teve o seu momento de glória, naquela bela tarde de segunda-feira, quando chegou sorrateiramente e apanhou todas as roupas dos banhistas e as levou embora. O Tuffi foi o primeiro a perceber a falta das roupas e dar o alarme. O Zé Pinga, Paulo Henrique, e o Manoel saíram gritando para a gurizada do ocorrido. 

E o que faremos? Perguntou o Paulo Henrique.

Pois eu tenho uma ideia respondeu o Tuffi, o capataz da chácara de meu pai, o Nego Lili, mora aqui bem perto e poderemos tentar falar com ele para nos ajudar. 

Truffi enrolou-se numas folhas de copo de leite e foi atrás do Lili que felizmente estava em casa e arrumou algumas roupas de seus filhos e filhas.

Chegar em casa, chegaram. Bem dispostos, porém não souberam explicar porque saíram com uma roupa e chegaram com outra, alguns de bombachas, saias, e outros até de blusa “tomara que caia“ ... 

A Galinhada do final de semana

A mocidade de Lages era muito criativa em suas aventuras, e uma delas, muito lembrada, era a da galinhada nos finais de semana, regada com muito vinho e estórias. Dividiam-se as tarefas na preparação. Uma equipe era destacada para a visita às residências dos companheiros, na observação dos galinheiros. A outra equipe preparava detalhadamente o plano de ação para captura das penosas. Era muito importante que os primeiros observadores ficassem bem atentos ao plantel para evitar os galos de 10 anos, comuns na época e difíceis para o preparo, fossem confundidos na hora da apanha.

A escolha das visitas aos galinheiros, na noite de sexta-feira, não foi difícil, e por unanimidade foi aprovada a residência do sr. Emiliano. O que pesou muito na escolha foi de terem constatado que naquela semana, o sr. Emiliano havia trazido do sítio umas galinhas crioulas, especiais para um bom ensopado.

A captura das penosas que anteriormente nunca havia tido problema, desta vez parecia estar tendo. Cizinho, o líder da incursão noturna ao galinheiro, quase desistiu. Havia sido alertado de que o cão de guarda estava do outro lado do terreno não tendo problema na operação. Só não o alertaram de que o sr. Emiliano havia trazido do sítio também um casal de gansos. E, foi aquele festival de barulho e por pouco não foi descoberto.

Naquela correria o pessoal da apanha, liderados pelo Cizinho, conseguiu a muito custo, levarem quatro penosas.
         
No sábado, durante o preparo do ensopado das galinhas, o assunto era um só: Os gansos! O sufoco  que a turma passou. 

Temos certeza de que o sr. Emiliano nos viu, pois percebi que a janela dos fundo da casa foi aberta e alguém gritou, disse o Luis Henrique.

É pura imaginação tua. Esfrie a cabeça. Na próxima, a turma de observadores terá mais cuidado. O importante agora é que ajudes o Estefano a cuidar do tempero da galinha que ele no sal, é mão pesada, resposta do Francisco para acalmar o pessoal.

Apesar do pequeno contratempo, a galinhada  realizou-se mais uma vez num alegre sábado, acompanhada das bebidas.

Na segunda-feira, como de costume, a turma se reuniu na frente do bar Marrocos, e ficou num bate papo descontraído, e ao mesmo tempo apreciando a passagem das lindas mocinhas, como se nada tivesse acontecido.             

Turma, olhe quem vem vindo! Disfarcem, olhem somente de “esgueio“, disse Estefano, já com o coração disparando.

Aparece a poucos metros deles, caminhando tranquilamente, como era seu costume pelas manhãs, o sr. Emiliano, dono do galinário. Esse passeio dele é diário, não há preocupação maior. Está tudo bem, vocês vão ver, palavras do  Cizinho para acalmar o pessoal.

Bom dia jovens. Como vão? Disse o sr. Emiliano ao passar pela turma, olhando atentamente.

Após alguns passos, o sr. Emiliano parou, como tivesse esquecido algo, e retornou até o pessoal que nesta altura dos acontecimentos estavam paralisados de medo.

O sr. Emiliano, dirigindo-se para o Cizinho, com aquela cordialidade que lhe era peculiar, tirou um documento do bolso do casaco e entregou dizendo:

Tenho a impressão que esta “carteira de estudante“ que achei hoje pela manhã no galinheiro de minha casa é tua. Guarde-a bem!

E, prosseguiu sua caminhada, desta vez com um sorriso triunfante.